Furto de cabos de telefone e internet preocupa comissão da ALMG

As redes elétrica e de telefonia são alvos frequentes de furtos de fios – Arquivo ALMG – Foto: Guilherme Bergamini

Problema causa prejuízos e transtornos a usuários e empresas concessionárias. Tema será debatido nesta terça (17).

Com a finalidade de debater o problema do furto de cabos de transmissão, especialmente de telefonia e internet, a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promove audiência pública. A reunião será realizada nesta terça-feira (17/11/20), às 9h30, no Auditório José Alencar.

O requerimento pela audiência tem como autores os deputados João Leite (PSDB) e Sargento Rodrigues (PTB), este último presidente da comissão, e ainda a deputada Celise Laviola (MDB). De acordo com a solicitação, esse tipo de crime afeta significativamente os serviços públicos de saúde e segurança, comprometendo ainda o trabalho dos usuários residenciais, muitos trabalhando remotamente.

De acordo com João Leite, as denúncias recebidas em seu gabinete e que motivaram a audiência são muito mais graves do que as notícias que a mídia vem divulgando. “Além de cabos de fibra ótica e de cobre furtados, as estações rádio base têm sido depredadas para o furto de equipamentos eletrônicos, causando um enorme impacto na região em que estão localizadas”, informou.

Ainda segundo o parlamentar, a prática desses crimes está afetando a prestação de serviços públicos essenciais e, em consequência, impactando o trabalho de milhares de pessoas do entorno que estão trabalhando remotamente.

Recentes notícias veiculadas na imprensa mineira, citadas por João Leite, dão conta da gravidade do problema, que provoca transtornos e prejuízos tanto para usuários dos serviços quanto para as empresas concessionárias.

Prejuízos – O programa Balanço Geral, exibido pela TV Record Minas, apresentou recentemente uma matéria sobre o furto de cabos da rede telefônica e de internet em várias regiões de Belo Horizonte. Segundo a reportagem, esses crimes têm causado prejuízo para moradores e comerciantes da Capital.

As vítimas denunciam, no programa, que chegam a ficar semanas sem internet e sem telefone fixo, sendo que a maioria precisa do serviço para trabalhar. Um morador do bairro Santa Teresa (BH), que não quis se identificar, afirmou que geralmente o roubo é praticado por andarilhos durante a madrugada.

Outras vítimas, comerciantes de um shopping popular no Centro da cidade, reclamaram que a falta de telefone fixo e internet é preocupante e tem gerado insegurança entre eles. Por sua vez, a empresa telefônica informou que enfrenta dificuldades para repor os serviços em algumas regiões devido aos furtos constantes.

Fios de cobre – Também o MGTV, da Rede Globo Minas, veiculou em outubro uma série de matérias sobre o tema enfocando os transtornos causados pelo furto de cabos. A reportagem destaca que os fios de cobre despertam interesse dos criminosos pelo seu alto valor de mercado, uma vez que conduzem bem a energia elétrica e são duradouros.

De acordo com as informações do MGTV, o roubo de cabos gerou para a BHTrans, só no primeiro semestre de 2020, um prejuízo de R$ 63 mil apenas para repor 15 mil metros desses condutores para sinalização dos semáforos.

Outra vítima foi o dono de um restaurante no Barro Preto, na Capital, furtado cinco vezes em 2020. Para reposição dos fios elétricos, foi obrigado a desembolsar R$8 mil. Ele sugeriu à Cemig que troque os cabos de cobre por outros feitos de material diferente.

De acordo com a empresa, em 2019, só no Centro de Belo Horizonte foram furtados 7 km de fios, gerando um prejuízo de R$ 1,2 milhão. Em 2020, já são 6 km, num total de R$ 1 milhão. Tentando conter essa prática, a concessionária tem atuado na prevenção.

Prevenção – Para isso, a Cemig atua em algumas frentes como a realização de rondas motorizadas, o uso de sistemas de trancas e de monitoramento à distância e a substituição do cobre por materiais menos atrativos.

Por fim, a série mostrou que o ladrão de fios é a ponta de um esquema paralelo maior que envolve empresas que fazem a receptação desses materiais adulterados e sem nota fiscal. A forma mais comum de crime é a compra ilegal dos fios, queimados ou descascados pelos ladrões, por ferros-velhos clandestinos.

Há também empresas que fazem receptação de rolos de fios furtados, que depois são vendidos ilegalmente à população, enganada por não saber que está adquirindo produtos ilegais e de má qualidade.

Para a reunião desta terça, foram convidados representantes da Agência Nacional de Telecomunicações, das Polícias Civil e Militar, e ainda, das empresas de telefonia fixa e móvel.