Mais de cem trabalhadores da Regap são contaminados pela Covid-19

Mais de cem trabalhadores da Regap, da Petrobrás, são contaminados pela Covid-19. Surto é provocado por aglomeração de pessoal em parada de manutenção da refinaria, que quase dobrou a quantidade de pessoas em circulação pela planta. Sindipetro-MG já entrou com processos em órgãos do trabalho e de saúde e protocolou ofício junto à gerência da unidade para suspender as atividades.

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Nas últimas duas semanas, mais de cem trabalhadores da Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobrás, em Betim (MG) foram contaminados pela Covid-19, segundo casos registrados pelo Departamento de Saúde do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A denúncia de surto da doença nas dependências da refinaria mineira foi notificada pelo Sindipetro-MG à Regap, por meio de ofício, nesta segunda-feira (15/3). A reclamação se soma a processos já encaminhados pelos petroleiros à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, aos Conselhos de Saúde de Betim e estadual e à Ouvidoria Geral do estado de Minas Gerais.

“O Sindipetro-MG tem recebido seguidas denúncias sobre aglomerações e falta de garantia de condições seguras para a prevenção à pandemia durante parada de manutenção de unidades operacionais nos setores HDT (hidrotratamento) e Coque, iniciada no último dia 28 de fevereiro e com previsão de 30 dias de duração”, destaca o diretor da FUP, Guilherme Carvalho Alves.

O aumento de contágio por coronavírus ocorre em meio a elevadas taxas de ocupação de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) na região metropolitana da capital mineira, superiores a 90% nos municípios de Belo Horizonte, Betim e Contagem, de acordo com dados oficiais. O número se aproxima de 100% quando consideradas as vagas em leitos hospitalares.

As atividades de parada de manutenção da Regap ocorrem com frequência determinada pela Petrobrás e envolvem aumento no contingente de trabalhadores para a realização das tarefas previstas. “Este ano, no entanto, a realização da parada de manutenção, que foi prevista para o mês de março, foi objeto de diversas discussões com a gerência local desde janeiro, porque já estava evidente para o Sindipetro-MG que não haveria possibilidade de mantê-la sem que os trabalhadores, ao cumprirem o serviço, se vissem expostos a altas taxas de contaminação”, afirma Alves.

Com a parada de manutenção, o contingente de trabalhadores presenciais da Regap aumentou em mais de 2 mil pessoas. Ou seja, o efetivo quase dobrou de tamanho para trabalhar praticamente no mesmo espaço físico, o que provoca alto nível de aglomeração e falta de condições para o cumprimento de protocolos de segurança. Além disso, há pessoas e equipes inteiras que vêm de outros estados, ampliado o risco de contágio pelas novas variantes do coronavírus.

Na denúncia à Regap, os petroleiros reivindicam, entre ouros itens, a imediata interrupção das atividades da parada de manutenção nos setores de coque e HDT; suspensão de novas paradas de manutenção previstas para as próximas semanas; redução imediata do quadro de empregados (próprios e terceirizados) em trabalho presencial na refinaria, exceto pelas atividades essenciais para a continuidade operacional em segurança na planta e para a garantia da produção para abastecimento interno; garantia de irredutibilidade salarial; e manutenção do emprego de todos os empregados próprios e terceirizados.