Codema permite Vale explorar areia em Itabira como subproduto da lavra de minério de ferro

Na reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Codema), nesta sexta-feira, os conselheiros aprovaram a anuência, condição prévia para a licença ambiental que deve ser concedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), para a mineradora Vale explorar um volume inicial de 10 milhões de toneladas de areia por ano, extraídas das minas de Itabira, como subproduto da lavra.

A anuência foi concedida por 18 votos a favor e duas abstenções, registrando-se também a contumaz ausência do conselheiro Neidson Freitas, vereador representante da Câmara Municipal de Itabira – e também de vários representantes da Prefeitura, como das secretarias de Desenvolvimento Urbano, Econômico, Agricultura, entre outras ausências governamentais. Pelo regimento do órgão ambiental, ocorrendo três ausências consecutivas, o representante deve ser substituído.

Na reunião anterior, foi pedido vista ao processo de anuência pelo conselheiro Glaucius Detoffol (Maçonaria). Posteriormente, ele pediu a sua suspensão até que a mineradora apresentasse a autorização de lavra desse material concedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM), o que só feito na reunião desta quinta-feira.

Ainda para a aprovação da anuência, o conselheiro Eugênio Müller (Acita) defendeu que o Codema apresente ao órgão licenciador estadual sugestão de condicionante para que esse material possa ser beneficiado em Itabira. Isso para que agregue valor ao bem mineral, como forma de gerar mais empregos, impostos e oportunidades de negócios no município.

Volume

O volume desse material é bem expressivo nas minas de Itabira, que já se encontra em vias de exaustão. Representa cerca de 80% do material movimentado, segundo informou a analista Sarah Pimenta, da Gerência de Estudos Ambientais da mineradora, responsável pela regularização da atividade junto aos órgãos ambientais do estado de Minas Gerais.

Entretanto, ela não soube responder qual é o volume total desse material existente no complexo de Itabira. Reportagem deste site apurou junto à ANM que as minas de Itabira dispõem de volume superior a 270 milhões de toneladas de areia/sílica, material que até então é disposto em pilhas de estéril.

A sua exploração econômica passou a ser estudada após as restrições impostas pelos órgãos ambientais para a sua disposição em pilhas e barragens. Foi quando a mineradora passou a pesquisar destinações ambientalmente corretas para esse material, que até então era considerado estéril, sem aproveitamento econômico.

Ainda de acordo com o que foi informado pela mineradora à ANM, a reserva indicada (já medida) é de 100,6 milhões de toneladas – além de mais 160 milhões de toneladas estimadas, que ainda dependem de mais estudos para saber se é viável a sua exploração econômica. Isso fora a reserva inferida de 160 milhões de toneladas do mesmo material.

Beneficiamento

Planta piloto de blocos pré-moldados em Itabirito já processa rejeitos das usinas e estéril das minas. Fábrica semelhante, e de maior tamanho, pode ser instalada em Itabira para processar areia extraída das minas da Vale e também rejeitos das usinas (Fotos: Carlos Cruz e Divulgação)

Quanto à sugestão de beneficiamento desse material no município, conforme o Codema deve sugerir como condicionante a ser relacionada pelo órgão ambiental ao conceder a licença de operação, as representantes da Vale disseram que essas oportunidades estão sendo estudadas.

“Testes com laboratórios credenciados e várias frentes de desenvolvimento com universidades e centros de pesquisas estão sendo feitos visando subsidiar a melhor forma de destinação desse material”, explicou a analista Jordana Vogt, da mesma gerência de Estudos Ambientais, da Vale.

Ela citou a fábrica piloto de blocos pré-moldados inaugurada em novembro do ano passado em Itabirito, que já processa rejeitos das usinas e material estéril (sílica/areia) das minas.

Os conselheiros do Codema esperam que fábrica semelhante, e de maior tamanho, venha a ser instalada pela Vale, ou por outra empresa, em Itabira.

Procurada pela reportagem, em novembro do ano passado, a mineradora confirmou que estuda essa alternativa. “A Vale busca as licenças e aditamentos necessários para o aproveitamento econômico da areia proveniente da atividade minerária das minas de Itabira”, assegurou por meio de sua assessoria de imprensa.

“Importante destacar que o foco principal da Vale, neste momento, é buscar alternativas mais sustentáveis para as suas operações que gerem valor compartilhado com a sociedade”, respondeu a mineradora em nota encaminhada a este site.

Leia mais aqui: Fábrica de pré-moldados e exploração de rejeitos de minério são alternativas para desocupação das barragens

Veja mais reportagem: Vale estuda a viabilidade de explorar mais de 270 milhões de toneladas de areia das minas de Itabira.

Fonte: Vila de Utopia