Fé, cultura e economia: o Turismo religioso em Minas Gerais

Crédito (foto): Prefeitura de Congonhas/Divulgação Senac

Fé, cultura e economia: o Turismo religioso em Minas Gerais

Projeto do Senac, Primórdios da Comida Mineira, revela como além da Semana Santa, o Jubileu ajuda a fortalecer a economia mineira, principalmente na região de Congonhas

Crédito (foto): Prefeitura de Congonhas/Divulgação Senac

Minas Gerais é mundialmente conhecida por suas cidades históricas que expressam as raízes da cultura mineira e a identidade do país. Além disso, nosso estado também é uma das regiões mais procuradas do Brasil para o Turismo Religioso, e recebe peregrinos e turistas de diversos lugares do país e do mundo em seus santuários, igrejas e capelas. De acordo com dados da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Minas Gerais é o segundo destino mais procurado para o turismo religioso, atrás apenas de São Paulo.

Um dos elementos que mais chama atenção nas cidades históricas mineiras são as obras de grandes artistas como Antônio Lisboa, o Aleijadinho. Igrejas como o Santuário do Bom Jesus dos Matosinhos, em Congonhas, com os doze profetas em pedra sabão e as capelas dos Passos da Paixão, reconhecidos como patrimônio mundial pela Unesco. Estes espaços recebem visitantes de todo o Brasil, principalmente ao longo da Semana Santa, quando são palco de encenações de passagens bíblicas.

Incentivo ao Turismo de fé

Com a proximidade da Semana Santa, o Governo de Minas apresentou na primeira quinzena do mês de março, o Plano Estadual de Bens Culturais da Fé, que tem o objetivo de estruturar, capacitar e promover o turismo religioso no estado e potencializar o desenvolvimento econômico associado ao setor. A Secult já tem 63 municípios com programação de Semana Santa cadastrados. A meta é que, até 2024, sejam 200 cidades que possam ter eventos organizados.

A prefeitura de Congonhas e a comunidade eclesiástica do município promovem, durante a Semana Santa, uma série de eventos que atraem peregrinos e visitantes. A programação inclui encenações teatrais da Paixão de Cristo e apresentação de shows gospel, entre outras atrações.

“Esse tipo de ação atrai turistas e mobiliza toda população, seja pela característica do lugar que tem essa cultura religiosa, ou pela fé que é manifestada de várias formas. Toda a população se mobiliza com o trabalho voluntário, seja como atores na encenação, ou na confecção dos tapetes devocionais que decoram as ruas e organização dos ritos religiosos”, explica Gerson Alberto de Paula, Instrutor de Formação Profissional do Senac em Conselheiro Lafaiete e residente de Congonhas.

O docente de Gestão pontua que durante a festa religiosa na Semana Santa, há barracas, onde comerciantes vendem diversos tipos de produtos. A festividade ajuda a aquecer a economia da cidade, principalmente nas áreas de hotelaria, gastronomia e artesanato.

Segundo ele, “para os amantes do turismo religioso, o município abriga ainda um acervo riquíssimo a ser explorado, pois, além das famosas obras, ainda existem as artes barrocas de grande importância para a humanidade”. A cidade conta ainda com o Museu de Congonhas, o primeiro museu sítio do Brasil que tem como plano de fundo a história do próprio patrimônio, que permeia até os dias atuais.

“Avalio que ainda é necessário melhorar a divulgação destas ações, promover eventos fora de datas marcantes voltadas para o turismo religioso e, o mais importante, criar estrutura para receber esses turistas, como guias qualificados, rede hoteleira e restaurantes. Assim como aprimorar a sinalização e comunicação visual voltada para esse público”, explica Gerson.

Economia local

A principal fonte de recursos para o município de Congonhas é a mineração, que gera milhares de empregos. As mineradoras são responsáveis pela maioria das ofertas de trabalho diretas e indiretas, mas a movimentação econômica gerada pelo turismo religioso tem crescido.

A cidade de Conselheiro Lafaiete, localizada a 24 quilômetros de Congonhas, também é impactada pelo setor minerário e tem forte conexão econômica com o município vizinho. Há grande procura por bens e serviços e para o desenvolvimento do comércio das duas localidades. Além disso, muitos moradores de Conselheiro Lafaiete trabalham na mineração em Congonhas.

“A mineração influencia muito a economia local, e o turismo ainda é deixado em segundo plano. Avalio que com essa atual iniciativa de fomento partindo do poder público, nos próximos anos o setor turístico se torne mais forte, abrindo oportunidades de emprego na região”, esclarece o docente.

Atento à demanda específica e ao potencial econômico destas duas localidades, o Senac oferece em Conselheiro Lafaiete os cursos técnicos de Administração, Segurança do Trabalho, Enfermagem, Informática e Estética. Além disso, o Senac marcou forte presença em Congonhas em 2022, quando a cidade recebeu a equipe do programa Primórdios da Cozinha Mineira que avaliou a região para ajudar no resgate da cultura e das tradições gastronômicas para promover desenvolvimento econômico regional.

“O nosso trabalho do Primórdios visa fortalecer essa herança turística do território, por meio de reconhecimento da importância dessa história e da economia. Nós reavivamos essa herança alimentícia que tanto foi relevante durante esses 100 anos depois do término do ouro de aluvião”, comenta Vani Pedrosa, pesquisadora gastronômica do Senac.

Primórdios do turismo religioso em Congonhas

Vani Pedrosa é pesquisadora gastronômica do Senac e depois de estudos feitos para os primórdios da cozinha mineira, reconheceu o impacto da história alimentar em Congonhas. A festa de Jubileu traz um grande número de turistas para a região, e apenas o local não é capaz de alimentar todas essas pessoas, dessa forma as cidades vizinhas também se movimentavam na produção.

O principal objetivo do Programa Primórdios é inserir essa origem no cotidiano dos congonhenses, nos bares e restaurantes, esse valor para que as pessoas conheçam essa história e cada vez mais valorizem esse legado que Congonhas tem para Minas Gerais que começou com o turismo religioso.

“Já fizemos a fase investigava, a apresentação de resultados, já estamos com um grupo de trabalho já finalizando as capacitações, para inserção desse dia a dia das quitandas na cidade de Congonhas, fortalecimento das feiras, territórios produtivos. O lançamento está marcado para o próximo festival de quitandas”, conclui Vani.