Preço da carne e do café disparou, em dezembro

É tradicional que o preço da carne aumente na reta final do ano, com a demanda aquecida pelas festas de confraternização. O consumidor em Belo Horizonte sente isso no bolso e, no começo deste mês, já pagava até 15% a mais em comparação ao mês anterior, segundo o site de pesquisa Mercado Mineiro. Na perspectiva do agronegócio mineiro, o alívio não deve chegar à mesa no curto prazo.

“A carne subiu não porque nós queremos vender mais caro ou mais barato, mas porque o mercado baliza o preço para nós”, pondera o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar), Antônio de Salvo, em coletiva de imprensa para apresentar os resultados do setor agropecuário em Minas nesta terça-feira (17/12). Ele explica que não há horizonte próximo de baixa e detalha que o cenário atual ainda tem reflexos da pandemia de Covid-19.Nos períodos mais agudos da crise sanitária, o preço da arroba do boi disparou. Quando começou a baixar, para alcançar a mesma receita, os produtores precisaram consequentemente vender mais. A solução foi abater, inclusive, mais fêmeas reprodutoras, chamadas no setor de matrizes. Em decorrência disso, há uma pressão ainda maior sobre a produção, e o preço da arroba se acomodou em um patamar superior ao experimentado nos últimos anos.

Por outro lado, há uma perspectiva mais positiva para as carnes de boi e frango. “Com o porco e o frango, normalmente, como são animais confinados, você tem uma variação de preço muito mais ligada à oferta de grãos. Como no ano passado tivemos uma oferta de grãos menor, tivemos um pouquinho de acréscimo nessas duas carnes. Neste ano, espera-se que a oferta de grãos seja mais equilibrada e passemos de 300 milhões de toneladas. Certamente, teremos carne de frango e porco mais acessível para a população brasileira e mineira”, detalha de Salvo

Café continua mais caro

O café moído ficou quase 33% mais caro nacionalmente no Brasil nos últimos 12 meses, segundo o IBGE. Em BH e região, a alta foi maior ainda, de praticamente 41%. No centro da alta, estão as condições climáticas, uma combinação de granizo no final de 2023 seguido por um período agressivo de seca e elevação de temperatura nas áreas de plantio em Minas.

No curto prazo, não há expectativa de reversão do cenário de baixa da produção, pontua o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo. “Nós tivemos queda de produção, agora dólar alto, uma exportação ainda maior e aumento do cafezinho. Isso faz parte desses produtos. Quando você tem menos oferta, tem um preço maior”. A esperança, diz ele, é a expansão do parque cafeeiro em Minas e aumento de produtividade das fazendas, o que poderia aumentar consistentemente a oferta de café — e diminuir o preço — em alguns anos.