Regap inicia greve e registra 70% de adesão dos trabalhadores

Regap inicia greve e registra 70% de adesão dos trabalhadores da refinaria. Petroleiros da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), iniciaram greve sanitária nesta segunda (22/3), somando-se aos outros estados que estão no movimento paradista desde o dia 5 de março.

Foto: Pinterest

Nesta segunda-feira (22/3), quando a categoria petroleira completa 18 dias de greves regionais, o movimento ganhou adesão de mais um estado. Desta vez, foi a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), que começou a paralisação, por tempo indeterminado, por questões sanitárias, com 70 por cento de adesão, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). A refinaria tem cerca de mil empregados próprios.

A mobilização dos petroleiros já acontecendo desde o dia 5 de março em quatro estados do país: Bahia, Amazonas, Espirito Santo e São Paulo.Na Regap, ocorre após a escalada do nível de contaminação por Covid-19 na refinaria. Já foram registrados mais de 220 casos de infectados, sendo 84 trabalhadores de um mesmo setor, com 12 internações hospitalares e quatro pessoas intubadas.

O surto da doença foi provocado pelo início dos serviços de parada de manutenção das unidades. Conforme o Sindipetro-MG já vinha alertando, a chegada de 2,2 mil novos trabalhadores, em função dos serviços na Regap, causou focos de aglomeração na refinaria, transformando-a em um epicentro da pandemia na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Na semana passada, o Sindipetro-MG enviou documento à gerência-geral da Regap denunciando a falta de condições sanitárias necessárias à segurança dos empregados no ambiente de trabalho. Foi enviada cópia do documento ao Ministério Público do Trabalho (MPT); à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE – MTE – MG); à Ouvidoria do Estado de Minas Gerais; ao Conselho Estadual de Saúde – MG; e aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – Betim (CEREST-Betim) e Conselho Municipal de Saúde – Betim.

A segurança à saúde é o principal pleito da greve na Regap, assim como o fim da precarização das condições de trabalho, dos riscos de acidentes e do avanço da Covid-19 nas instalações da empresa. Alexandre Finamori, diretor do Sindipetro-MG, explicou que os trabalhadores são orientados a não sair de casa.

“Estamos pleiteando que se pare os serviços não essenciais para interromper este surto de Covid-19 e, ao mesmo tempo, continuar abastecendo a população, que é a função social da refinaria. Acompanhamos a entrada das 6h às 8h de hoje e os ônibus chegaram vazios. Os trabalhadores ficaram em casa, mostrando sua indignação e insegurança em relação à própria saúde e de seus familiares”, disse Finamori.

Na tarde desta segunda, a administração da Regap enviou ofício ao Sindipetro-MG, apresentando uma série de ações, que atendem a solicitações relacionadas à Covid-19. Entre elas, a reprogramação de tarefas na parada de manutenção, o que implicará redução no número de empregados terceirizados que estão hoje na empresa.

FUP e sindicatos participam do lockdown convocado por centrais sindicais

Centrais sindicais convocaram trabalhadores de todo o país a parar na próxima quarta-feira (24/3). O movimento, denominado “Lockdown em Defesa Da Vida e dos Direitos”, pretende obter forte adesão de setores da sociedade. A FUP e seus sindicatos vão integrar a mobilização e já convocaram a adesão da categoria petroleira.

Em várias cidades do país, mesmo com a saúde colapsada, governantes têm mantido setores não essenciais em funcionamento, o que pode agravar consideravelmente as condições do sistema de saúde, que já não tem como receber mais pacientes em diversos lugares do país. O Brasil já registrou mais de 3 mil mortes/dia por Covid-19, no pior momento da pandemia desde o seu início, em março de 2020.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), signatária do documento “Lockdown em Defesa Da Vida e dos Direitos”, lembra que, em meio ao agravamento da crise sanitária, o governo Bolsonaro editou a Medida Provisória (MP) nº 1.039/2021, reduzindo o valor do auxílio emergencial de R$ 600, pago no ano passado, para apenas R$ 250, bem como o número de trabalhadores desempregados e informais com direitos ao benefício.

Em nota, a CUT destaca ainda que o governo federal também reduziu o valor recebido pelas mulheres chefes de família, de R$ 1.200 para R$ 375, e as cotas individuais de R$ 600 para R$ 150. “E, mesmo com valores absolutamente insuficientes para uma pessoa sobreviver, Bolsonaro reduziu o número de cotas por família de 2 para apenas 1 cota, ou seja, apenas R$ 250 por família. Como se não bastasse, incluiu critérios de renda, para reduzir o público que terá acesso ao benefício, o qual será de apenas quatro parcelas”, explica a entidade.

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